Manual de boas práticas para profissionais que trabalham com intervenções baseadas em mindfulness[1]
Com o intuito de divulgar e promover “boas práticas” de mindfulness, principalmente em sua utilização como intervenção clínica terapêutica e preventiva, criou-se este manual voltado principalmente aos profissionais da área da saúde, baseado nos parâmetros internacionais de excelência, e nas evidências científicas mais atuais.
Um instrutor/tutor de grupos de mindfulness voltados à saúde deveria ter:
- Um treinamento em mindfulness voltado para profissionais de saúde, a fim de que:
- Tenha familiaridade com os currículos dos cursos de mindfulness voltados à saúde;
- Exponha-se de forma profunda às práticas meditativas que constituem a base do referido programa;
- Conclua um treinamento profissional aprofundado em mindfulness, e/ou se submeta à supervisão contínua de um treinador habilitado, por pelo menos um ano.
- Uma formação consistente que permita um conhecimento aprofundado do tema, além do treinamento profissional descrito acima, ou seja:
- Ter qualificação profissional na área, ou experiência de vida equivalente, que seja reconhecida pela organização ou contexto no qual a prática de mindfulness será desenvolvida;
- Ter conhecimento e experiência terapêutica ou de treinamento com as populações para as quais as práticas de mindfulness serão oferecidas, a não ser nos casos em que o treinamento profissional em mindfulness supracitado inclua também este tipo de conhecimento;
- Se utilizar programas de mindfulness com características clínicas específicas, tais com o Mindfulness-Based Cognitive Therapy(MBCT), que se utiliza de conceitos psicológicos mais aprofundados, é necessário ter o conhecimento dos processos clínicos ou psicológicos subjacentes, e prática clínica baseada nas melhores evidências cientificas.
Recomendações para uma boa prática de mindfulness:
- Comprometimento com a prática pessoal de mindfulness, (1) através da prática regular diária, tanto de maneira informal, quanto formal; e da (2) participação anual em retiros de desenvolvimento profissional contínuo (DPC), conduzidos por treinadores de mindfulness devidamente habilitados;
- Engajamento em outros processos de DPC que contribuam para o aprimoramento da prática clínica de Mindfulness:
- Manter contato regular com outros instrutores de mindfulness, a fim de trocar experiências e aprender de forma colaborativa e;
- Ter supervisão regular com um treinador habilitado e com maior experiência clínica em mindfulness, incluindo a possibilidade de discussão de dúvidas, tanto com relação à própria prática pessoal, quanto à prática profissional, como também a possibilidade de receber feedbackperiódico (por meio, por exemplo, de gravações em vídeo, da participação do supervisor nas sessões conduzidas pelo instrutor, ou pela co-facilitação, com feedback recíproco);
- Ter o compromisso de se desenvolver continuamente como facilitador de mindfulness, por meio de treinamentos avançados, da gravação e reflexão sobre suas próprias sessões, da participação em fóruns e eventos de atualização em mindfulness baseados em evidência científica;
- Adesão aos princípios éticos que regem a própria profissão e contexto de trabalho.
[1] Adaptado por Viviam Barros, Marcelo Oliveira e Marcelo Demarzo a partir das diretrizes britânicas disponíveis em www.mindfulnessteachersuk.org.uk.